Emocionante e exótico destino de férias, Zanzibar oferece muito mais do que praias deslumbrantes e águas cristalinas. A sua história é rica, a cultura encantadora e a culinária irresistível, fazendo deste ponto na Terra um lugar único não apenas no continente africano, como também no Mundo
Um passado rico em diversidade
Arquipélago situado na costa leste africana, debruçado sobre o Oceano Índico e composto por Unguja e Pemba – as duas ilhas principais -, e outras ilhotas, Zanzibar representa um verdadeiro paraíso tropical com praias de areia branca, mornas águas azuis e uma biodiversidade marinha muitíssimo rica.
Não constituindo apenas um destino turístico popular, a Ilha de Zanzibar também conta um passado e uma cultura que remontam a séculos de história. A própria localização tê-la-á tornado um importante entreposto comercial desde tempos antigos. Apesar de também ter comercializado marfim, ficou conhecida como o “Arquipélago das Especiarias”, a principal mercadoria negociada na região e neste caso nomeadamente o cravo-da-índia. Zanzibar foi também um importante centro de comércio de escravos até meados do século XIX desde o continente africano para o Médio Oriente e para a Ásia e cuja história se encontra retratada em muitos museus e locais históricos em Zanzibar, incluindo o Museu dos Escravos e o Mercado de Escravos de Stone Town.
A ilha foi ao longo dos séculos governada por várias potências estrangeiras. Os sultanatos de Oman e Zanzibar governaram ali por mais de 200 anos, com os portugueses a ocupar a ilha no século XVI. O arquipélago também foi governado pelos britânicos no final do século XIX e é das marcas que todas essas influências estrangeiras deixaram na cultura, na arquitetura e nas tradições de Zanzibar que hoje culmina um destino absolutamente inesquecível.
A fé muçulmana como credo predominante
Património Mundial da UNESCO desde 2000, a cidade histórica de Stone Town, na ilha de Unguja, é um dos pontos turísticos mais famosos de Zanzibar. A cidade é uma mistura fascinante de estilos arquitetónicos árabes, persas, indianos e europeus cujo testemunho está bem espelhado nas suas estreitas e labirínticas ruas, nas casas de coral e nas varandas decoradas. A Mesquita, em Stone Town, não dispensa uma visita. Transformada em igreja por portugueses (o primeiro a chegar terá sido Vasco da Gama em 1499) e, mais tarde, por britânicos, foi mais tarde devolvida ao culto islâmico, já no século XX. Também a Igreja Anglicana de Cristo representa um marco histórico importante em Stone Town, tendo sido construída pelos britânicos no final do século XIX e sendo até hoje usada na celebração de serviços religiosos. A cultura de Zanzibar é obviamente influenciada pela religião, com uma assinalável maioria da população a professar a fé muçulmana, credo este que se anuncia em cada um dos chamamentos para a oração que se ouvem pelas ruas de toda a cidade. Tal como no restante mundo muçulmano, também aqui se respeita o Ramadão, importante período do ano que traz aos crentes o jejum que apenas se quebra ao pôr-do-sol. Em Zanzibar, a celebração do Eid al-Fitr marca o fim do Ramadão, traduzindo-se num momento de festividade em toda a ilha.
Uma cultura que ultrapassa fronteiras
A música taarab, originária da ilha, resulta da fusão única de acordes e instrumentos árabes e africanos, integrando também influências indianas e europeias que se combinam com vozes femininas. O ngoma, dança tradicional de Zanzibar, é presença certa em ocasiões festivas e em diversas celebrações. Por toda a ilha, a arte swahili, que combina elementos islâmicos, africanos e indianos, revela-se constantemente, seja nas portas de madeira esculpidas à mão, seja nos tecidos bordados ou nas cerâmicas locais. Também swahili, a culinária desta região do planeta resulta de uma fusão de sabores africanos, árabes, indianos e europeus, com especiarias como a canela, a pimenta e o cominho presentes em muitos pratos. O cravo-da-índia é cultivado em toda a ilha e é utilizado em muitos pratos locais, incluindo o curry de caranguejo e a sopa de peixe. Os frutos do mar, sempre muito frescos, são a grande especialidade da ilha e a lagosta grelhada eventualmente o seu ponto alto, sem menosprezar evidentemente os caranguejos, os camarões e os diversos tipos de peixes que abundam na ilha. Pratos como o pilau, à base de arroz temperado com especiarias, e o biryani (arroz indiano com carne ou frango) são exemplos deste encontro secular de influências decorrido no longínquo passado de Zanzibar.
Terra de Natureza e de praias absolutamente magníficas
O encanto de Zanzibar não se esgota nas ruas históricas de Stone Town e a Floresta Jozani será desta realidade um exemplo. Localizada no centro da ilha de Unguja, esta reserva natural é o lar do macaco colobus vermelho, uma espécie endêmica, mas a floresta também abriga muitas outras espécies de flora e fauna, tornando-se um popular destino de passeios ecológicos. A Ilha de Chumbe, ao largo da costa de Zanzibar, é um santuário marinho protegido e também um maravilhoso destino de turismo ecológico. Mundialmente famosas, as praias de Zanzibar são absolutamente paradisíacas. Nungwi, no extremo norte da ilha de Unguja, é um dos lugares mais apreciados para relaxar e desfrutar do sol e do mar. A praia de Paje, na costa sudeste de Unguja, representa um concorrido destino de windsurfistas e kitesurfistas em virtude dos ventos constantes que ali se verificam. Matemwe, na costa nordeste de Unguja, constitui um local mais isolado, oferecendo um refúgio tranquilo e sereno. Prison Island, Chumbe e Mnemba são alcançáveis através de um maravilhoso passeio de barco e ideais para mergulho, snorkeling e observação de tartarugas marinhas.
Figuras que marcaram a ilha
Zanzibar também é o lar de muitas figuras históricas importantes que ajudaram a moldar a ilha e a sua cultura. Uma dessas figuras é Sayyida Salama bin Said, a filha do sultão Said bin Sultan, que escreveu um livro intitulado Memoires d’une Princesse Arabe, onde nos é dada uma visão fascinante da vida na ilha no século XIX. Sayyida Salme (mais tarde Emily Ruete) foi uma mulher corajosa e independente que deixou Zanzibar rumo à Alemanha, onde viria a assumir-se oficialmente como cristã e a casar-se com o alemão que estaria na génese da sua partida (Rudolph Heinrich Ruete). Seyyid Said terá governado a ilha entre 1804 e 1856, sendo responsável pela transformação de Zanzibar num importante entreposto comercial do Oceano Índico e estabelecendo relações comerciais com a Índia, a Península Arábica e a África Oriental. A construção do palácio de Beit-al-Sahel, em Stone Town, que agora abriga o Museu Nacional de Zanzibar, é também da sua responsabilidade.
Outra figura histórica incontornável desta cultura será o sultão Khalid bin Barghash, que liderou uma revolta contra o governo britânico em 1964 após a independência de Zanzibar. A revolta foi brutalmente reprimida pelo exército britânico e o sultão obrigado a fugir para a Tanzânia, onde passou o resto da sua vida. Figura controversa nesta região, é encarado por alguns como um herói que lutou pela independência da ilha e por outros como um tirano que causou a morte de muitas pessoas ao tentar chegar ao poder. Talvez, contudo, a mais famosa de todas as personalidades associadas a Zanzibar seja o lendário vocalista dos Queen, Freddie Mercury, que nasceu em Stone Town em 1946. Nascido Farrokh Bulsara, passou a maior parte de sua infância em Stone Town antes de partir para Inglaterra com a família. A casa onde nasceu está ainda de pé constituindo uma popular atração turística.
Além destas personagens históricas, Zanzibar também é o lar de muitas pessoas comuns que contribuem para a rica e vibrante cultura da ilha. Desde os pescadores que pescam o pargo-vermelho no Oceano Índico até aos vendedores de especiarias nos mercados locais, a vida em Zanzibar é animada e cheia de energia. É essa mistura de história, cultura e pessoas que faz da ilha um destino de viagem tão fascinante e único. Lugar de contrastes e contradições, reúne num pequeno território uma história rica e uma cultura verdadeiramente apaixonantes que influenciou o mundo em muitos aspectos. Lugar pacífico e tranquilo que no passado foi palco de conflitos violentos preserva ainda intocada e a sua atmosfera e tradição numa autenticidade absolutamente única.