0
Shares
Pinterest Google+

O Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota e a morada da soberania portuguesa

1385, 14 de Agosto ao final da tarde. No concelho de Porto de Mós desenrolar-se-ia o acontecimento que viria a garantir a soberania portuguesa e o início de uma dinastia que em breve daria lugar à enorme façanha dos Descobrimentos portugueses: a casa de Avis. Eis um pouco do muito que o concelho de Porto de Mós tem para oferecer a quem hoje chega, um universo pleno de história, palco de acontecimentos determinantes para o nosso país e um verdadeiro paraíso natural que surpreende tanto pela riqueza, como pela diversidade. Mas comecemos pelo início. No seguimento da prematura morte de D. Fernando sem deixar descendência directa à excepção de D. Beatriz, casada com o rei de Castela, Portugal encontrava-se perante uma séria crise de sucessão. Se a coroa passasse directamente para o, então, genro do falecido rei, o monarca de Castela, Portugal passaria a integrar um reino ibérico sob domínio daquele. Em Lisboa, o povo alvoroçava-se e clamava por D. João, Mestre de Avis, filho natural de D. Pedro I, para que ocupasse o trono, como viria a acontecer a 6 de Abril de 1385 nas cortes de Coimbra. Castela não aceitara e cercara Lisboa como meio de pressão para que a sua posição de soberania fosse reconhecida, mas viria a ser vencida pela peste negra, que dizimara as suas tropas, e pela frota portuguesa que conseguira descarregar no porto de Lisboa os alimentos necessários para a manutenção da cidade e do povo que colaborava na sua defesa. A força castelhana ver-se-ia obrigada a recuar, regressando em Junho determinada a realizar um novo cerco, desta vez encabeçada pelo próprio rei castelhano que liderou todo o seu exército e um forte contingente de cavalaria francesa, sendo ainda apoiado por muitos nobres portugueses. Com os aliados ingleses, D. João I, Mestre de Avis, e o bravo condestável D. Nuno Álvares Pereira, decide-se a intercepção do exército invasor numa pequena colina de topo plano cercada por ribeiros perto de Aljubarrota. Ao centro da linha estaria posicionada uma vanguarda de besteiros com 200 archeiros ingleses, duas alas posicionadas nos flancos com mais besteiros, cavalaria e infantaria (a Ala dos Namorados, à esquerda, e assim chamada por ser formada por jovens, e a Ala da Madressilva à direita) e, à rectaguarda, os reforços e a cavalaria comandados pelo próprio D. João I. A batalha ficaria durante muito tempo conhecida como a Batalha Real por ter sido liderada por ambos os monarcas, feito raro naquela época. D. Nuno Álvares Pereira tinha mandado erguer um conjunto de paliçadas e mais defesas em frente à linha de infantaria, de maneira a protegê-la e aos arqueiros, e ainda as famosas covas de lobo e fossos ocultadas com ramos. Por volta das seis da tarde as forças castelhanas iniciam um precipitado avanço que lhes custaria um luto até 1387, sendo absolutamente dizimadas pelas forças portuguesas, muito menos numerosas mas mais estratégicas e emocionalmente motivadas. D. João I tornar-se-ia o rei incontestado de Portugal e a soberania nacional ficara, deste modo, a salvo. Sete anos mais tarde, o Condestável mandaria construir a Ermida de São Jorge, na actual Calvaria de Cima, onde permanece ainda o campo militar de São Jorge e onde, naquele final de dia havia depositado o seu estandarte. É também aqui que se ergue o Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota (CIBA), que de um modo absolutamente moderno e sedutor narra o desenrolar dos acontecimentos, abordando os seus antecedentes e as suas consequências. Visitar o CIBA, em Porto de Mós, é uma verdadeira viagem até aos dias de D. Nuno Álvares Pereira e da luta pelo legado nacional com uma contextualização tão completa e rica que, naquele mesmo campo, quase conseguimos ouvir os sons próprios da batalha, os gritos, as espadas a tocar-se, os cavalos a galope, tudo numa envolvência absolutamente extraordinária. A Batalha de Aljubarrota é assim apresentada de um modo rigoroso, instrutivo e cativante. Numa área expositiva de quase 1000m2, dois núcleos expositivos dedicam-se à batalha, à época em que se inseriu e às descobertas arqueológicas no campo de batalha e um auditório para projecção de um espectáculo multimédia que reconstitui o acontecimento e os eventos que o originaram, havendo também a possibilidade de uma visita integrada onde é possível observar o campo de batalha que cerca o Centro de Interpretação, circunstância que torna a visita ao Campo de São Jorge ainda mais completa.

Site: https://www.fundacao-aljubarrota.pt/page/centro-de-interpretacao#centro-de-interpretacao

E-mail: info.geral@fundacao-aljubarrota.pt

Tel: 351.244480060

Previous post

Viagens para a Turquia ficam mais fáceis

Next post

Castelo de Porto de Mós