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Ao longo dos últimos meses a Austrália enfrentou fogos devastadores, com projeções alarmantes a indicar um elevado número de animais mortos e feridos. Os incêndios que se verificaram no norte de Nova Gales do Sul, e no Parque Nacional de Wollemi e de Blue Mountains resultaram em incalculáveis perdas de vida selvagem. Não há dados concretos. No entanto, estimativas apontam para um total de onze milhões de hectares ardidos e cerca de um milhão de animais mortos.

O Jardim Zoológico tem mantido o constante contacto com o Zoo de San Diego (EUA), através do qual apoia o programa de conservação de koalas na Austrália e consequentemente o resgate e recuperação de animais no decorrer desta tragédia, tendo partilhado com a Travel & Safaris as medidas adoptadas.

Segundo a Dra. Kellie Leight, investigadora de campo apoiada pelo programa de conservação, “há um problema de escala muito maior que se aproxima agora, a desidratação e a fome dos animais, incluindo koalas. Os habitats desapareceram, não têm nada para comer e muitos riachos e rios estão secos.” Em Blue Mountains, área que encerra uma das mais importantes populações de koalas, organizaram-se missões de resgate sem precedentes. Durante os incêndios as equipas conseguiram localizar 12 koalas, através dos transmissores aplicados no âmbito do programa de conservação, que assustados com os incêndios se refugiaram no topo das árvores, obrigando à intervenção de equipas de escalada. Após as manobras de resgate os indivíduos foram acolhidos no Zoo de Sidney, onde permanecerão até à sua reintrodução na Natureza. 

Numa fase em que os fogos acalmaram, começam os trabalhos de resgate dos animais sobreviventes. Para além dos koalas e dos cangurus, muitas outras espécies de aves, répteis e anfíbios foram afectadas. No Jardim Zoológico, para além dos koalas habitam 14 espécies australianas, entre elas a kokaburra, o lório-arco-íris e o lagarto-de-gola. 

O problema dos koalas e a importância do eucalipto 

Os koalas são dos animais mais emblemáticos na Austrália, razão pela qual as campanhas de angariação de fundos utilizam a imagem deste pequeno marsupial na sua comunicação. No entanto, é também um animal muito sensível ao qual os efeitos dos incêndios poderão causar mais transtorno do que qualquer outro mamífero australiano, redobrando as preocupações dos investigadores de campo. Considerado um herbívoro especialista, alimenta-se em exclusivo de 20 subespécies de eucalipto, das 700 conhecidas, consumindo apenas as folhas mais jovens e deixando a restante folhagem intacta. É também do eucalipto que retira toda a água que necessita, não sendo habitual observá-lo a beber. 

O papel do Jardim Zoológico na conservação dos koalas | como ajudar

Desde 1991 que o Jardim Zoológico participa no programa de conservação in situ de koalas, em colaboração com o Zoo de San Diego. O estreito contacto com os biólogos de campo financiados pelo projecto permite perceber a real dimensão deste problema e dar resposta às necessidades mais urgentes no resgate e recuperação de animais. Deste modo, e atento aos apelos lançados pelos colegas no campo, o Jardim Zoológico reforça o seu apoio através do Fundo de Conservação e até ao final do mês de Março desenvolve uma angariação de fundos para este efeito. Permitirá, deste modo, a contribuição directa de todos os que visitam a instituição. No entanto, mesmo sem visitar o zoo pode contribuir através do site endextinction.org criado pelo Zoo de San Diego.

Para além do resgate, os fundos serão utilizados na alimentação, transporte e posterior libertação dos animas, que terá de ser monitorizada para garantir a sua adaptação a um habitat profundamente alterado.

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