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É mesmo o que apetece depois de ali chegarmos. Deixar o mundo rolar, lá bem longe, e desfrutar para sempre de um paraíso sem igual. Falamos das Maurícias!

Crioulo, inglês e sobretudo francês são as línguas que ouvirá neste paradisíaco reduto do planeta. Com uma população maioritariamente hindu, esta terra africana resultou de uma erupção vulcânica há mais de oito milhões de anos em pleno Oceano Índico. As colonizações sucederam-se por parte de holandeses, ingleses e franceses, embora tenham sido os portugueses os seus descobridores, ainda em 1505, optando então por não se estabelecer ali. O seu nome deriva da presença holandesa, iniciada em 1598, que honrando o príncipe Maurice de Nassau, assim baptizou aquela que viria a ser uma república independente apenas em 1992.

Dos dodos

Naquela altura, em finais do século XVI, ao chegarem, os holandeses encontraram e dizimaram os actualmente famosos dodos, que apesar de pouco terem durado após a sua chegada simbolizam a ilha até aos nossos dias. Em menos de cem anos a espécie foi completamente aniquilada pois aquando da chegada do ser humano àquele território não estava, de todo, preparada para o impacto que este viria a causar. Sem predadores significativos e tendo evoluído isolado, o dodo não receava o Homem, razão pela qual, aliada ao facto de não poder voar, se tornou presa fácil para os marinheiros, que dele se aproveitaram para fins alimentares. A chegada de outras espécies trazidas pelo Homem, como cães e porcos, representou igualmente uma forte ameaça para estas aves, que mais tarde se acreditou serem ficcionais e resultado da fantasia dos marinheiros, tal era a sua originalidade, sendo descritas como “maiores do que os nossos cisnes” pelo seu suposto descobridor, o vice-almirante van Warwijck, no seu diário, ainda em 1598. O dodo viria a tornar-se um ícone simbólico da extinção de espécies em virtude da acção humana, tornando-se um emblema de luta contra a extinção de espécies e também do próprio país, surgindo inclusivamente retratado na moeda nacional. A sua presença no clássico Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, também ajudou a celebrizar a ave, vindo até a representar o conceito de algo desactualizado na cultura popular inglesa, bem presente em expressões como dead as a dodo (“morto como um dodo”) ou to go the way of the dodo (“ter o mesmo destino que o dodo”); ou seja, extinguir-se ou tornar-se algo do passado remoto.

Do passado remoto é também a presença dominante holandesa nestas margens, já que os marinheiros ali aportados acabaram por abandonar a ilha em 1710 depois de enfrentarem ataques piratas, epidemias, ciclones, secas e pragas de ratazanas. Seguir-se-iam os franceses e mais tarde os ingleses, já em 1810, que ali permaneceriam até 1968, quando as Maurícias foram finalmente declaradas como independentes. Seria, contudo, apenas em 1992 que a república seria reconhecida e que um chefe de estado passaria a exercer a sua presidência.

De norte a sul, perfil de uma ilha com apenas 2000 Km2

Com apenas dois mil quilómetros quadrados de superfície, a verdade é que este paraíso na terra acolhe uma diversidade cultural simplesmente impressionante. Com uma economia no passado fortemente sustentada pela indústria da cana-de-açúcar, cultura ali introduzida pelos franceses, trata-se de um território povoado à custa da colonização por parte de imigrantes e também de escravos que para ali eram levados, sendo notável o convívio entre hindus (população predominante), muçulmanos, cristãos e budistas.

O norte de Port Louis, da baía sem fim e do Jardim Botânico de Pamplemousses

Constituindo uma ilha de areias imaculadamente brancas que, no norte, junto à maior concentração de hotéis, seduzem quem chega fazendo-se aliadas das águas mornas do pacífico, as Maurícias têm como capital Port Louis, também no norte e ela própria detentora de um dos mais importantes portos do Índico e um dos maiores de África, contribuindo em larga escala para a economia nacional, também sustentada pelo turismo e pela actividade financeira. A animação turística, onde proliferaram os restaurantes, lojas e o casino situam-se igualmente a norte da ilha, em Grand Baie, uma aldeia costeira localizada na província de Rivière du Rempart, antigamente chamada baía sem fim pelos holandeses, no final do século XVII e actualmente um dos mais populares destinos turísticos das Maurícias. Ainda no norte é obrigatória a visita ao Jardim Botânico Sir Seewoosagur Ramgoolam, um dos maiores e mais antigos jardins botânicos britânicos do Hemisfério Sul. Também conhecido como Jardim Botânico de Pamplemousses, é famoso pelos nenúfares gigantes, respirando tranquilidade, exotismo e paz.

O sul das tartarugas gigantes, do rum e do café arábico, das dunas multicolores e do chá

É no sul que predominam os verdes a também os parques naturais. É aqui, no La Vanille Nature Park que podemos visitar as tartarugas gigantes, outro símbolo, felizmente vivo, da ilha, e em Chamarel, no sudoeste da ilha, encontra-se a destilaria de um dos mais famosos runs da ilha, também o único lugar de cultivo do café-arábico e morada do fenómeno geológico que permite observar cerca de dez tons diferentes nas dunas locais e onde se encontra a cascata com mais de cem metros de atitude. Ainda no sul, destaque para Bois Cheri, onde se produz o chá, outro produto local.

Uma gastronomia inesquecível

A presença de diferentes origens numa mesma ilha ajudou a que a oferta gastronómica ali presente seja muitíssimo rica e variada, sempre com o arroz, o frango, o peixe e o marisco como base, os picantes e os temperos, os caris e um típico aroma a gengibre, salsa, coentros, estragão e a cominhos. As frutas enriquecem as mesas, com destaque para o mamão, a manga, o coco, o abacaxi e entre as bebidas locais destaca-se o lassi, (iogurte, água fria, especiarias e por vezes fruta), o alouda (leite, leite condensado, agar agar, água e sementes de manjericão), os cocktails de frutas tropicais e, claro, o rum e o café que na memória se instala de modo suave e perfumado como só nas Maurícias o sabe fazer.

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