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Sir David Attenborough referiu-se a Aldabra, uma das ilhas que compõem o arquipélago das Seychelles, chamando-lhe “uma das maravilhas do mundo” e “uma das jóias da coroa” do Oceano Índico. Há quem vá mais longe e afirme esconder-se aqui, entre as mornas águas do Índico, o Jardim do Éden, tal é a beleza e a considerável presença das condições naturais de cada uma das ilhas das Seychelles

A Natureza foi incrivelmente generosa com o arquipélago das Seychelles, o conjunto de ilhas que se espraiam no Oceano Índico, com as suas extensões de areias brancas banhadas pelas tépidas águas azuis-turquesa a norte e nordeste de Madagáscar.

As Seychelles terão sido oficialmente avistadas pela primeira vez em 1502 por Vasco da Gama, quando pela segunda vez se dirigia para a Índia, e que as baptizou como Ilhas do Almirante em própria honra, mas foi França quem as reclamou pela primeira vez, fazendo-as então herdar o apelido do ministro das finanças de Luís XV, Jean Moreau de Séchelles. Seria, no entanto, a Grã-Bretanha a assumir o seu controlo absoluto entre 1812 e 1976, a data da sua independência como república da Commonwealth.

O país do continente africano que gera maior riqueza

Representando o país africano com maior PIB per capita, o arquipélago conta com um elevado nível de desenvolvimento humano embora  seja também cenário de grandes desigualdades económicas e desequilibrada distribuição de riqueza. Nesta nação que resulta do cruzamento entre as culturas francesa, inglesa e africana e mais recentemente com influências chinesa e indiana, a sociedade é maioritariamente matriarcal, com as mulheres a dominar o ambiente familiar. Aqui é comum encontrar mães solteiras que, no entanto, e por determinação legal, recebem do progenitor dos seus filhos a garantia da alimentação dos mesmos. Já a sua educação é gratuita até à maioridade e obrigatória até aos 16 anos, com o ensino do crioulo como primeira língua, seguida pelo inglês e mais tarde pelo francês, os três os idiomas oficiais do país.

Um verdadeiro paraíso tropical mundialmente reconhecido

Compondo um total de 155 ilhas, as Seychelles não só representam um destino de praia onde o snorkeling e a temperatura morna das águas se tornam ainda mais deslumbrantes dada a abundante vida marinha, como constituem um dos diminutos pontos do mundo onde a Natureza é, de facto, respeitada. Na realidade, quase metade do território nacional está protegida, integrando-se em 20 parques nacionais, não se verificando semelhante cenário em qualquer outro país do mundo. Vallée de Mai, reserva natural situada em Praslin, a segunda maior ilha do arquipélago, e o atol de Aldabra foram classificados como Património Mundial pela UNESCO. A primeira constitui o único ponto onde poderemos encontrar o coco-do-mar, o maior fruto do mundo, bem como uma vasta quantidade de plantas e animais endémicos, como o papagaio-negro, a ave nacional do país. Como corolário da ilha, os recifes de coral que cercam o seu território proporcionam o habitat natural de cerca de 900 espécies de peixes e de conchas de enorme beleza. O Atol de Aldabra é, por seu turno, o segundo maior atol de coral de todo o planeta e integra um território natural relativamente intocado onde prospera um considerável número de espécies animais e vegetais, servindo também como refúgio de uma série de espécies raras e ameaçadas e das quais é exemplo a tartaruga gigante, que pode chegar a viver cerca de 200 anos.

De Mahé a Praslin, La Digue ou Frégate

Com um clima tropical de elevado teor de humidade, a estação fresca verifica-se entre Maio e Setembro (quando chegam as monções vindas de sudeste) e a mais quente a assinalar-se entre Março e Maio. Mahé, ponto de partida para reconhecimento das ilhas e onde se encontram alguns dos mais luxuosos resorts, representa a maior ilha e também o ponto onde está situada Vitória, a capital do país. Vitória é uma cidade pequena estabelecida em 1778 pelo colonialismo francês e então referida como L’Établissement até em 1841 adquirir o actual nome que homenageia a Rainha Victória pelo governo britânico. Aqui será incontornável a visita à igreja anglicana, à mesquita do sheik Mohamed bin Khalifa, ao Museu de História Natural, ao templo Sri Navasakthi Vinyagar, à torre do relógio, à domus, ao jardim botânico, a Catedral da Imaculada e, obviamente e ao Mercado Sir Selwyn Selwyn Clarke. Em todo o arquipélago será quase pecado deixar de lado uma visita a Anse Lazio, em Praslin, encarada por muitos como uma das mais belas praias do planeta, mas que chega ainda a ser suplantada por Anse Maquereau, em Frégate, ou até por Anse Marron, que fica em La Digue, ilha também famosa em virtude da praia de Anse Source d’Argent, talvez uma das mais fotografadas de sempre. Em Takamaka Bay será possível ouvir a história da maior destilaria da ilha e saber mais acerca do processo de produção do rum e ao qual ninguém se escusará a uma prova que, inevitavelmente, terminará com a aquisição de, pelo menos, uma boa garrafa. Ainda em Praslin, Anse Volbert consiste numa praia igualmente famosa que proporciona mergulhos seguros e a absoluta descontração ao sol e onde encontramos também bastantes restaurantes e hotéis. Aqui, o horizonte é brindado com o belo cenário da pequena ilhota Chauve-Souris, até onde é usual nadar-se para a realização de snorkeling.

Um paraíso tropical que as alterações climáticas poderão não poupar

Wavel Ramkalawan, Presidente das Seychelles e pastor anglicano a quem os locais se dirigem como “padre”, é um entusiasta defensor da protecção ambiental, tendo juntamente com o primeiro-ministro norueguês em Fevereiro passado sido convidado pela UNESCO a tornar-se patrono da Ocean Decade Alliance no sentido de promover o apoio mundial ao desenvolvimento sustentável e à protecção dos oceanos. As alterações climáticas são por si referidas como grande preocupação, e das quais serão exemplo os fenómenos de erosão e de subida do nível das águas do mar. Testemunhar a beleza e unicidade deste arquipélago que Vasco da Gama ignorou de tão enfeitiçado estar pelas Índias e pelas suas especiarias, torna bem clara a urgência da prevenção de eventos que possam colocar em perigo o paraíso tropical que as Seychelles representam.

O coco do mar

Terá havido quem, no passado, tenha acreditado situar-se nas Seychelles o verdadeiro Jardim do Éden, mais precisamente em Vallée de Mai, na ilha de Praslin. De visita ao arquipélago, o General George Gordon encontrou no coco do mar o fruto proibido da árvore do conhecimento do bem e do mal. Resultante de uma espécie de palmeira endémica das Seychelles, a semente do coco do mar representa a maior semente do reino vegetal assumindo a curiosa forma e tamanho de impressionante semelhança com as nádegas femininas, de um lado, e do ventre e coxas também femininas do outro, razão porque o fruto se tornou tão afamado e eventualmente desejado. João de Barros terá também sobre ele dissertado, afirmando em Décadas da Ásia possuir propriedades curativas mais poderosas do que as, então afamadas, pedras de benzoar.

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