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Rwanda

Ao recordarmos o nome do filme que narra o percurso de Dian Fossey, quem não se lembra imediatamente da morada dos gorilas de costas prateadas, do país africano com mil e uma montanhas ou da terra que aprendeu da mais dura forma a viver em paz? Falamos do Rwanda e desta vez levamo-lo connosco.

Na época colonial, era conhecido pela terra das mil colinas em referência à apaixonante beleza das suas florestas montanhosas, que mais parecem puxar o próprio país para um universo de inenarrável mística. Erguido a uma altitude incomum se comparado com outros países equatoriais, apresenta um clima tropical temperado, com temperaturas mais frescas do que aqueles. As montanhas dominam o centro e a zona ocidental do país e os picos mais altos apresentam-se a noroeste, onde o mais elevado – Monte Karisimbi -, alcança os 4507 metros de altitude. É aqui, nas montanhas de Virunga, que fica localizado o Parque Nacional dos Vulcões, declarado em 1925 como primeiro parque nacional de África e declarado como Património Mundial pela UNESCO em 1979. Local onde habita o principal cartão-de-visita do Rwanda, nada aqui nos pode preparar para um encontro de cortar a respiração com os gorilas de montanha… Com um porte que impressiona, os machos ou gorilas de dorso prateado, como também são conhecidos, apresentam esta tonalidade nas costas a partir da altura em que alcançam a idade adulta. De olhar inteligente e sempre a recordar que com eles partilhamos 98 a 99% do mesmo ADN, os gorilas de montanha estabelecem entre si relações sociais fortíssimas, sendo normal viverem em comunidades de cerca de 40 elementos, todos eles bastante fiéis ao líder, razão pela qual é difícil assistir-se a um processo de dissolução ou abandono do grupo. Os machos chegam mesmo a preparar camas de folhas para as fêmeas quando estas se encontram grávidas. Se ameaçados, avançam a correr batendo vigorosamente com as patas fechadas no peito, mas raramente concretizam o ataque. Em cativeiro costumam viver mais cerca de 15 anos do que os 35 que habitualmente vivem em Natureza, mas deprimem-se bastante, centrando a sua atenção no tratador que se lhes dedica. Reservados e um tanto tímidos, são no entanto pacíficos e tolerantes para com quem os visita no seu habitat.

Uma espécie ameaçada que promete crescer

Foi após a própria independência que o país adquiriu mais destaque na comunidade internacional, ao ser escolhido como local de residência de Dian Fossey, a investigadora que dedicou a vida ao estudo dos gorilas de dorso prateado, que com uma comunidade estabeleceu fortes relações sociais e afectivas, que defendeu energicamente a sua protecção e preservação e que, assim se julga, também por esta causa terá perdido a vida tendo sido assassinada em pleno acampamento. Actualmente vive uma atmosfera de estabilidade politica e de duradora segurança, bem como um crescimento económico sustentado, também baseado no turismo e na principal atracção do país – os gorilas de montanha. De acordo com o World Wild Fund, é no Rwanda que habita aproximadamente um terço do suposto total de 800 exemplares que existem no maciço do Virunga, que cobre parte do território deste país, do Uganda e da República do Congo. Para quem possa e se atreva à subida, a experiência é verdadeiramente única e a não perder. Conhecer e observar estes deslumbrantes primatas que demonstram emoções como alegria e tristeza e que em muitos aspectos recordam a faceta humana, representa uma experiência exclusiva a não perder.

Akagera e Nyumgwe, outros dois parques naturais a não perder

Não é só na observação de gorilas de montanha que este país se destaca como destino apetecível. Na verdade, apenas os parques nacionais bastam para encantar qualquer apreciador de natureza e de habitats ricos em vida. O Parque Nacional de Akagera, apenas a duas horas de carro da capital Kigali, representa um ponto de paragem obrigatório antes ou após a visita às montanhas para observação dos gorilas. Trata-se do maior parque de pântanos protegido e o último refúgio para as espécies que habitam na savana em todo o Rwanda, sendo naquele país o único onde é possível observar os Big Five. Ali, a diversidade de habitats é impressionantemente única, contando com lagos, pântanos, savana, montanhas e florestas e servindo ainda de morada a 482 espécies de aves. A Floresta de Nyumgwe, a sudoeste, localiza-se entre a divisão das águas da bacia do Congo e as da bacia do Nilo, fazendo fronteira com o Burundi, a sul, e a República Democrática do Congo, a oeste. Desde 2004 que integra o Parque Nacional da Floresta de Nyumgwe e representará eventualmente o melhor exemplo de preservação de florestas na montanha ao longo de toda a África Central, apresentando florestas de bambus, prados, pântanos e brejos.

Lago Kivu, um dos maiores de África

Seguimos para o lago Kivu, que demonstra toda a sua beleza cercado por colinas ingremes e verdejantes, carateristicas do país rural. Pelas margens encontramos as cidades de Gisenyi, próxima do Parque Nacional dos Vulcões e agraciada por uma costa de praia e de hotéis coloniais, Kibuye, onde as actividades turísticas se centram cada vez mais nos desportos aquáticos, e Cyangugu, situada próximo da Floresta Nyungwe, característica que lhe confere a localização mais espectacular em termos paisagísticos sobre todos estes locais. Mais afastado destas povoações, o lago mostra-nos uma antiga faceta de África, com pescadores a navegar em canoas construídas com o mesmo design de há muitos séculos, as mulheres em vestes coloridas e alegres a fumar cachimbos de madeira e os locais a tocarem gentilmente os iningire (guitarras tradicionais). Neste lago, as aves são também únicas, conferindo-lhe um colorido muito especial…

Pouco se conta do Rwanda em tão poucas páginas, parecendo, no entanto, que muito se adiantou. O país merece certamente uma visita e o seu percurso em direcção à estabilidade um sério aplauso. Silenciosos, os milhares de colinas continuam à sua espera, assim como os gorilas, os gigantes gentis do Virunga que nas suas montanhas vivem em tranquilidade.

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