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Nascido em Cajamarca a 30 de Março de 1502 e morto em 26 de Julho de 1533, Atahualpa ou em quéchua Ataw Wallpa, foi o último Imperador Inca, morrendo às mãos de Francisco Pizarro após confiar no carácter do conquistador espanhol

Até alcançar o título de Sapa Inca (imperador inca), Atahualpa foi obrigado a enfrentar um percurso nada harmonioso, empreendendo uma encarniçada guerra com o irmão mais velho, Huáscar. Homem corajoso e destemido, seria, no entanto, enganado pelo explorador Francisco Pizarro que o aprisionou e lhe prometeu uma liberdade que nunca viria a acontecer.

Para conseguirmos traçar o perfil de Atahualpa, regressamos a 1525, ano em que herda do pai o Reino de Quito. Antes de morrer em virtude de uma doença infecciosa (calcula-se que varíola), o Imperador Huayna Capac faria um testamento verbal expressando a vontade de dividir o império em duas partes. O norte, com Quito como capital, ficaria entregue a Atahualpa e o meio-irmão Huáscar governaria a região sul. O testamento terá sido respeitado, mas Atahualpa viria a ser obrigado a interromper um período de cinco anos de paz e a partir para a guerra quando Huáscar o enfrentou tentando tomar o território do império que o pai deixara ao irmão mais novo.

Da vitória à morte

Os dois anos seguintes seriam passados em batalha, com Atahualpa a sair vitorioso e a derrotar definitivamente Huáscar. Ao regressar a Cusco para tomar posse do trono acabado de conquistar e na liderança de um exército de 80 mil homens, Atahualpa deteve-se na cidade de Cajamarca. Após aceitar um convite de Francisco Pizarro para jantar e conversar Atahualpa dirigiu-se à praça central, que apesar de parecer vazia escondia homens de Pizarro prontos a atacar. As armas de fogo e os cavalos marcaram neste domínio toda a diferença, representando um desconhecido contra o qual não havia hipótese de vitória e que era, ele próprio, atemorizante logo à primeira vista, a começar pelas reluzentes armaduras do exército. A receber Atahualpa, estava então apenas Vicente de Valverde, frade dominicano espanhol que viria tornar-se bispo de Cusco, e que lhe exigiu a imediata conversão ao cristianismo e o reconhecimento da soberania do Rei de Espanha, Carlos V sobre o Peru.

A ironia da História nas pedras religiosas

Como seria de esperar, Atahualpa atiraria ao chão o breviário que lhe fora entregue recusando qualquer tipo de domínio ou mudança de religião e passou desde logo a ser considerado inimigo e tratado como tal. Espanha declararia prontamente guerra aos incas e o seu imperador seria aprisionado no Templo do Sol, um dos mais importantes complexos sagrados dos incas que mais tarde os dominicanos arrasariam para erguer o Convento e a Igreja de Santo Domingo. Curiosamente, e porque a História tem destas coisas, o Convento e a Igreja de Santo Domingo seriam parcialmente arrasados aquando do terramoto de 1950 revelando a construção inca de pedra polida cuja arquitectura era, pois, muito superior à espanhola. Este não seria, aliás, o único tremor de terra a destabilizar a construção cristã. Já em 1650 o convento e a igreja tinham sofrido abalos mas desta vez o Templo do Sol revelar-se-ia de um modo inequívoco, passando então as duas construções e as duas religiões a conviver no mesmo espaço.

Um caso de ausência de honra

Foi precisamente no Tempo do Sol que, aprisionado após ser capturado à traição em 16 de Novembro de 1532, o Imperador Inca Atahualpa prometeu a Pizarro encher de peças de ouro até ao tecto o grande aposento que lhe fora destinado. Paralelamente, entregaria ao espanhol o dobro da quantidade em prata. Pizarro não honraria o acordo. Aceitaria a fortuna mas Atahualpa manter-se-ia enclausurado e a verdade é que este episódio ditaria o fim de um império e também de um povo. Acusado de poligamia, heresia e de assassinatos Atahualpa acabou por ser julgado, sendo achado culpado de todas as 12 acusações. A condenação consistiria em ser queimado vivo, mas no momento da execução o imperador aceitou ser baptizado para diminuir a pena e morrer por enforcamento. Os espanhóis avançariam sobre Cusco procedendo à sua conquista e de todas as riquezas ali existentes. No trono de uma nação cujos templos se diz ainda terem na época ostentado coberturas de ouro, tal era a fortuna ali presente, foi colocado um governador fantoche que morreria envenenado e mais tarde um outro. Os espanhóis seguiriam a sua marcha dizimando para sempre estes povos e estas culturas.

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