Espera-se que este ano se registe o maior aumento anual da história de emissões de dióxido de carbono
De acordo com dados publicados no jornal The Guardian, espera-se que este ano se registe o maior aumento anual da história de emissões de dióxido de carbono. Na origem estará o esforço que as economias globais estão actualmente a realizar no sentido de recuperarem dos efeitos causados pela Covid-19, investindo em combustíveis fósseis. Esta subida deita por terra as expectativas de combate às alterações climáticas, refere a Agência Internacional de Energia (AIE), a menos que os governos ajam rapidamente. O combustível fóssil mais poluente, o carvão, está a ser cada vez mais utilizado na produção de electricidade, causando assim um aumento das emissões principalmente no continente asiático mas também nos EUA. Esta recuperação de uma prática altamente danosa causa preocupação pois está a verificar-se apesar da queda de preços da energia renovável, agora mais barata do que o carvão. De acordo com Fatih Birol, o director executivo da AIE, esta situação é “chocante e muito perturnadora. Por um lado os governos dizem actualmente que a mudança climática é a sua prioridade mas, por outro lado, estamos a assistir ao segundo maior aumento de emissões da história. É realmente decepcionante,” pode ler-se no The Guardian.
Recordamos que estas emissões têm de ser reduzidas em 45% ainda na década em que nos encontramos se de facto desejarmos limitar o aquecimento global a 1,5 graus. Ou a década de 2020 assiste a uma mudança de paradigma ou, de acordo com a comunidade científica, o nível de carbono na atmosfera aumentará até um ponto em que não conseguiremos evitar níveis de aquecimento verdadeiramente perigosos. Birol compara o aumento de emissões que actualmente se verifica à crise financeira de 2010, quando estas emissões subiram 6% com os países a tentarem recuperar as suas economias recorrendo à energia dos combustíveis fósseis, que na altura era barata. “Parece que voltámos a repetir os mesmos erros. Estou mais desiludido desta vez.” No ano passado as emissões desceram 7% em virtude dos bloqueios causados pela Covid-19, mas no final do ano já se verificava uma recuperação que indicava a ultrapassagem dos níveis registados em 2019 em diversas partes do mundo.
Nos próximos dias 22 e 23 será realizada uma Cimeira Climática, sabendo-se já que Biden irá propor, entre outras medidas, que a redução de emissões de gases nocivos nos EUA sejam reduzidos para 50% até 2030 relativamente aos níveis de 2005, com margem entre 49% e 53%. A questão é saber se esta proposta será realística comparada com o grande percurso que temos à nossa frente até ao final da década e se a mesma terá, de facto, alguma eficácia.