0
Shares
Pinterest Google+

A História escreveu-se aqui

Do grego herdou o nome que evoca o amor fraterno, de África do Sul a origem de grande parte da população fundadora e da Irlanda, de Itália e da Alemanha antepassados que a tornam culturalmente rica na diversidade que apresenta.

Pensar em Filadélfia e não nos lembrarmos imediatamente de Benjamin Franklin é quase como passear no Vaticano sem pensar no Papa. Grande impulsionador não só das ciências e da cultura, Benjamin Franklin está por detrás de muitos dos momentos marcantes desta cidade que é a maior dos Estados Unidos da América logo a seguir a Nova Iorque. Juntamente com outros maçons, Benjamin fundou a primeira biblioteca pública da cidade, a Universidade da Pensilvânia, também ali localizada, e foi ainda um dos cinco homens que colaborou na redacção da Declaração da Independência dos Estados Unidos da América, apresentada no Independence Hall, antigo Pensylvania State House. Este edifício, classificado como património mundial pela UNESCO em 1979, serviu de palco a alguns dos mais importantes episódios da história americana, tendo sido ali aprovada a sua constituição em 1787.

Do Liberty Bell à quebra de preconceitos

Entre 1753 e 1876, o Independence Hall abrigou o Liberty Bell, símbolo da Independência americana. Forjado na mesma fundição que o britânico Big Ben, a Whitechapel Bell Foundry, rachou-se logo à primeira badalada, mas a fenda que actualmente apresenta decorre dos esforços levados a cabo para o restauro de um segundo acidente que ocorreu quando o Liberty Bell foi suspenso no Independence Hall e tocou para assinalar o aniversário de Washington. Curiosamente, o nome pelo qual é actualmente conhecido surge pela primeira vez bastante mais tarde, quando o jornal abolicionista “Anti-Slavery Record” assim se lhe referiu, passado o sino a estar associado também a este movimento.

Mas Filadélfia não é só passado histórico, embora nele seja absolutamente rica. Aquela que foi a primeira capital americana dispõe de uma oferta cultural considerável. É obrigatória a visita ao Philadelphia Museum of Art, que guarda obras de artistas consagrados como Duchamp, Matisse, Rodin, Picasso, Van Gogh, Monet e Renoir, num acervo que no total reúne cerca de 240 mil obras de arte. O Museu de Arte de Filadélfia recria ainda um templo indiano do século XVI, uma casa de chá japonesa e um palácio chinês do século XVII em espaços consignados para este efeito. Cá fora, junto à celebrada escadaria, foram filmadas as já eternizadas cenas do filme Rocky, protagonizado pelo não menos famoso Sylvester Stalone. Filadélfia serviu de cenário a esta fita, tendo acontecido o mesmo em filmes como O Tesouro, com Nicholas Cage, O Sexto Sentido, com Bruce Willis, ou Histórias de Filadélfia, com Katherine Hepburn e Cary Grant.

Com outro tipo de abordagem no que diz respeito à oferta cultural da cidade, o Franklin Institute, criado para homenagear o cientista em 1934, proporciona bons programas principalmente quando há crianças por perto pois dispõe de animados escape rooms, realidade virtual, simuladores que facilitam a compreensão da presença da física em coisas tão simples como, por exemplo, o desporto e que abordam o funcionamento do cérebro e do coração, entre muitas outras opções.

Cidade imortalizada por Bruce Springsteen no tema Streets of Philadelphia, emprestou o nome ao filme que nos anos 90 chamou a atenção para o problema da homofobia e para as questões relativas ao Síndroma de Imunodeficiência Adquirida (SIDA), com Tom Hanks a servir de protagonista. Ao servir de palco a uma das primeiras abordagens mais realistas sobre temas que marcam ainda a nossa actualidade, Filadélfia foi novamente berço da América, trazendo à agenda do dia um outro vislumbre sobre um tema que era, de facto, necessário enfrentar e que em grande parte contribuiu para que assuntos como a exclusão e o preconceito e até o medo surgissem num debate mais alargado a toda camada social.

A cidade do amor fraternal

Noutro âmbito completamente distinto, Filadélfia é a cidade do verdadeiro Philly Cheesesteak, uma famosa sanduíche de carne de vaca finamente cortada com queijo derretido que terá surgido no início do século XX quase por acaso quando um casal de vendedores de cachorros-quentes decidiu fazer uma variação de produtos substituindo a salsicha pela carne de vaca. Um dos melhores pontos da cidade para saborear o Philly Cheesesteak é o Reading Terminal Market, mercado com 125 de história que alberga cerca de 80 comerciantes e onde é possível encontrar todo o tipo de produtos gastronómicos. Almoçar aqui é sem dúvida uma experiência a não perder, quer pela qualidade da refeição, quer pelo ambiente de festa e de grande azáfama que nos é permitido testemunhar. Bastante perto do Reading Terminal Market, é imperativa a visita a Chinatown, uma das maiores logo a seguir à de Nova Iorque e de São Francisco, que nasceu em 1870 pelas mãos de Lee Fong ao abrir uma lavandaria no número 913 da Race Street. Ali, depois de contemplarmos o Chinatown Friendship Gate, símbolo de troca cultural entre Filadélfia e Tianjin, na China, e o primeiro portão a ser construído por artesãos chineses em terras americanas, podemos experimentar variados tipos de cozinha asiática, desde a chinesa com todas as variantes de diversas regiões, à birmanesa, japonesa, vietnamita, coreana e cantonesa, entre outras e desfrutar da sensação de nos encontrarmos num continente verdadeiramente diferente daquele para onde voámos.

Havendo oportunidade, vale ainda a pena assistir a uma partida de baseball e testemunhar o modo como os adeptos americanos vibram quando a equipa da casa, os Philadelphia Phillies, se encontram em campo. Dar um passeio à margem do Delaware e apreciar a vista junto à ponte pênsil de Benjamin Franklin é outra sugestão que não deverá ignorar. Dependendo da hora do dia, o cenário torna-se mais ou menos interessante, mas independentemente daquela, será, tal como a própria cidade, absolutamente inesquecível.

Previous post

Hit the road!

Next post

FlyOver Las Vegas