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Do Cairo, às pirâmides; dos faraós aos monumentos; dos avanços tecnológicos e científicos à cultura milenar, o Egipto representa um dos mais sedutores destinos, constituindo um lugar exótico que cativa qualquer viajante. Fazemos um périplo por algumas das suas muitas maravilhas

Cairo, uma cidade que nunca pára

Cidade vibrante e capital egípcia, o deslumbre que o Cairo desperta a quem aqui chega é lendário. Desde as primeiras incursões europeias em antigas terras faraónicas, no século XVIII, muito graças às descobertas arqueológicas iniciadas no país na viragem do século, que o Cairo exerce um forte fascínio sobre o mundo ocidental. Hoje, sucedem-se nas avenidas os edifícios aparentemente inacabados, que no entanto escondem habitações com todas as mundanas comodidades, mas que na verdade enganam o olho desconhecedor das leis locais. É que uma vez terminada a construção exterior há que pagar imposto ao Estado, pelo que, até que a legislação seja alterada haverá sempre prédios em aparente construção, mas cujos interiores se encontram em perfeitas condições.

Um dos grandes corolários da cidade, o Museu do Cairo, ou Museu Egípcio, justifica por si só a permanência de uma semana na capital egípcia, tal é a riqueza da colecção que apresenta. Com mais de 120 mil antiguidades egípcias encontradas durante as escavações, foi inaugurado em 1858, tendo mais tarde, em 1900, sido transferido para as instalações de um palácio localizado na Praça Tahrir. A sua biblioteca é ainda considerada como uma das melhores do Mundo no que diz respeito a estudos sobre a civilização do antigo Egipto e outro aspecto que o coloca entre os mais reverenciados reside no facto de incluir o famoso tesouro do faraó Tutankamon. É esperada a inauguração do Grand Egyptian Museum para finais de 2020, onde se encontrará, então, a maior parte do espólio actualmente localizado neste museu e ainda peças nunca antes reveladas ao público. O Grand Egyptian Museu encontra-se em fase final de construção e está localizado no Planalto de Guizé, gozando de uma situação e de uma arquitectura absolutamente deslumbrantes. A sua abertura servirá também para comemorar o centenário da descoberta por Howard Carter do túmulo do faraó anteriormente referido.

Mesmo à boca da cidade, as pirâmides continuarão a testemunhar a passagem do tempo. Quéops, Quéfren e Miquerinos foram os faraós ali sepultados, o primeiro tendo também servido para inspiração na criação da Esfinge, igualmente localizada neste planalto a escassas centenas de metros. A Grande Pirâmide constitui uma das sete maravilhas do mundo antigo, a única que sobreviveu até aos nossos dias. Inicialmente com 145,5 metros de altura, constituiu a mais alta construção humana até à edificação da Catedral de Lincoln, em Inglaterra, na Idade Média. Se a colocássemos, por exemplo no centro de Nova Iorque, cobriria uma extensão equivalente a sete quarteirões. De acordo com alguns estudiosos, e juntamente com as duas outras pirâmides, encontra-se alinhada com a constelação de Orion, teoria que ainda hoje é discutida entre a comunidade egiptóloga. Desenganem-se os sonhadores que imaginam uma aproximação gradual e majestosa a este cenário. Na verdade, o Cairo debruça-se com bastante brusquidão sobre estes imponentes edifícios, num contraste absolutamente chocante. Absurdo parece também o trânsito automóvel do Cairo, onde cada avenida com três faixas rapidamente adquire cinco. Atravessá-las pode ser uma verdadeira aventura, mesmo de mão dada com um representante da autoridade local. Parece inclusivamente haver um acordo tácito entre os automobilistas, que no derradeiro momento que antecede o acidente se desviam quase que miraculosamente para lados opostos sem sequer desacelerarem, seguindo caminho como se nada estranho tivesse acontecido. Cheio de cor, de magnificência, de vida e de movimento, o Cairo é, de facto, uma cidade que nunca dorme e uma capital tão enigmática como arrebatadoramente sedutora.

A bordo no Nilo, o incontornável cruzeiro

Uma das melhores experiências que o Egipto pode oferecer é, sem dúvida, a realização de um cruzeiro no famoso Nilo, o rio que na antiguidade ditava a abundância e a sobrevivência de toda a nação. A grande maioria dos cruzeiros realiza-se com partida de Luxor, subindo o rio até Assuão. A cerca de uma hora de distância por avião do Cairo (670 Km a Sul), Luxor, também conhecida como o maior museu ao ar livre do mundo, é a antiga capital do Império Novo, Tebas. Morada de alguns dos mais marcantes monumentos da antiguidade egípcia, Luxor encontra-se dividida em duas partes pelo Nilo, que a percorre. Na margem oriental, consagrada aos vivos, estão localizados os templos dedicados aos deuses (Templo de Karnak e Templo de Luxor). Na margem ocidental do Nilo (onde o Sol se põe) encontramos as necrópoles (Vale dos Reis, Vale das Rainhas, Templo de Hatshepsut). Aqui e desta cidade partem e chegam os cruzeiros que ora sobem, ora descem o Nilo, proporcionando experiências verdadeiramente inesquecíveis. Na realidade, ao fazermos um cruzeiro no Nilo entre Luxor e Assuão é-nos dada a oportunidade de conhecer o país e de apreciar os magníficos testemunhos que o passado conseguiu trazer-nos até aos nossos dias, ao mesmo tempo que se descontrai num passeio por águas tranquilas que o vale do Nilo proporciona.

Edfu, Kom Ombo e Assuão

Paragem obrigatória de qualquer cruzeiro, o Templo de Hórus, em Edfu, é consagrado ao filho de Osíris e Ísis. Trata-se de uma construção algo tardia, erguida durante o período greco-romano, por Ptolomeu II e Ptolomeu IV, num local estratégico de maneira a situar-se longe do deserto, mas protegido das inundações do Nilo. Nas suas paredes, as gravuras relatam a história de Hórus, rituais e oferendas. Aqui destacamos a estátua da divindade, logo à entrada, a barca sagrada e as inscrições ainda perfeitamente visíveis nas paredes.

Mais adiante, ainda a cerca de 40 Km de Assuão, a cidade de Kom Ombo guarda um importante templo também do período greco-romano dedicado aos deuses crocodilo Sobek, que protege o Rio Nilo, e ao deus falcão Hórus. O Templo de Kom Ombo é o único templo duplo do Egipto Antigo, consagrando-se simultaneamente a duas divindades. Construído inicialmente no reinado de Ptolomeu IV, sofreu alterações nos reinados seguintes, mas deteriorou-se graças a inundações do Nilo, terramotos e muitas das suas pedras foram retiradas para construção de outros projectos.

Já em Assuão, destaque para a barragem construída nos anos 60, a maior do Nilo, que obrigou a trasladação de alguns monumentos que ficaram em risco de submersão, como aconteceu com o Templo de Abu Simbel.C

Vale dos Reis

A cerca de 650 quilómetros do Cairo, o Vale dos Reis ergue-se junto à cidade de Luxor, na margem ocidental do Nilo, escondendo ainda a última morada de faraós e de nobres importantes do antigo império egípcio. A escassos quilómetros a Sul, o Vale das Rainhas acolheu as sepulturas de mulheres influentes à excepção de Hatshepsut, viúva de Tutmósis II, que reinou por muito templo sobre o Egipto. O vale guarda mais de 60 túmulos entretanto resgatados à pedra e à areia, tendo o primeiro (de Séti I) sido descoberto em 1817 por Belzoni, mas só em 1922 assumiu uma dimensão absolutamente extraordinária, quando o arqueólogo Howard Carter, com o apoio do lorde britânico Canarvon, revelou ao mundo as fabulosas riquezas encerradas no túmulo do faraó Tutankamon.C

Templo de Hatshepsut

Hatshepsut governou como faraó, muitas vezes apesentando-se até com roupas masculinas de maneira a interiorizar e credibilizar o próprio desempenho enquanto rainha regente. O seu templo mortuário, conhecido como Djeser-Djeseru (Maravila das Maravilhas) está situado no complexo de Deir el Bahri, homenageando Amon-Rá e dedicando-se a Amon, Anúbis e Hator.C

Templo de Luxor

Na margem direita do Nilo, onde nasce o Sol, o Templo de Luxor foi começado a construir ainda no reinado de Amenófis III e mais tarde aumentado por Ramsés II. Era dedicado ao deus Amon, a Mut e Quespsisiquis e servia de palco para festas religiosas, principalmente o Festival de Opet. Foi descoberto em 1881 pelo arqueólogo Gaston Maspero, que para iniciar a escavação se viu obrigado a conseguir que a aldeia árabe adjacente fosse movida só ali ficando uma mesquita do século XIII.

Templo de Karnak

Também na margem direita do Nilo, o Templo de Karnac é igualmente dedicado a Amon, tendo representado o principal local de culto a este deus e alcançado o seu apogeu na XVIII dinastia, quando Tebas representava a capital do império. Encontrou-se submerso nas areias egípcias durante mais de mil anos, tendo sido descoberto em meados do século XVIII. Representou o centro religioso do reino até aos últimos dias da civilização egípcia. Com cerca de 100 metros de largura por 50 de profundidade, conta com 134 colunas abissais em forma de papiro, com 21 metros de altura e quatro de diâmetro.C

Abu Simbel

Um dos templos em melhor estado de conservação no Egipto e Património Mundial, Abu Simbel foi mandado construir no século XVIII a.C. por Ramsés II em sua própria homenagem e à da sua mulher favorita, a rainha Nefertari. É considerado como uma das maiores obras do faraó, tendo sido escavado em rocha de arenito com um admirável detalhe. A fachada exibe 33 metros de altura e 38 de largura, incluindo quatro estátuas de 20 metros de altura. A aproximação a Abu Simbel tem tudo o que se sonha relativamente à aproximação de um cenário majestoso, já que se encontra em pleno deserto. Gradualmente, vemos surgir na rocha um colosso arquitectónico que se impõe pela magnificência que ostenta, tornando bem clara a influência e o poder do faraó ali retratado.

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