Impacto ambiental causado por companhias aéreas apenas para garantir faixas horárias aeroportuárias

De acordo com a Euronews, na União Europeia (UE) têm-se realizado milhares de voos sem passageiros com o único objectivo de permitir que as companhias aéreas mantenham as faixas horárias nos aeroportos, os chamados ‘slots’. A Lufthansa, por exemplo, admitiu ter realizado perto de 18 mil voos quase vazios durante o Inverno para este efeito e também a Brussels Airlines confirmou a realização de cerca de 3000 voos praticamente vazios pelos mesmos motivos durante o mesmo período, tendo o ministro da mobilidade belga solicitado à Comissão Europeia de Transportes uma redução da taxa mínima de utilização de ‘slots’ de 50 para 30%.

Com o surgimento do Covid-19 e o encerramento de fronteiras a UE já baixou a taxa de 80% de obrigatoriedade das companhias usarem as respectivas faixas horárias de descolagem e aterragem para 50%, redução que as próprias companhias consideram insuficiente. Estas referem inclusivamente ao malefício ambiental causado por esta estratégia, sendo exemplo a afirmação de Carsten Spohr, director-executivo da Lufthansa, em entrevista ao jornal Franfurter Allgemeine Zeitung: “as regras de Bruxelas são prejudiciais ao clima e são exactamente o oposto do que a Comissão Europeia pretende alcançar”. Também Greta Thunberg, famosa activista ambiental, se pronunciou relativamente a esta matéria, criticando a UE pela referida opção principalmente numa época em que se debate a emergência climática.

Por seu turno, o porta-voz da Comissão Europeia Daniel Ferrie afirmou em conferência de imprensa que as actuais taxas (de 50%) “juntamente com as excepções de não-uso justificadas, oferecem às companhias aéreas a protecção necessária para os respectivos ‘slots’ durante o actual período difícil da pandemia”, mantendo-se vigente a intenção anunciada em Dezembro de subir a referida taxa para 64% a partir de 28 de Março.